quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

As invasões bárbaras

Reiniciamos nossa roda de prosa em 2013 discutindo o filme As invasões bárbaras, dirigido por Denis Arcand, premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2002. O diretor traz de volta os mesmos personagens de outro de seus filmes, de 1986: O declínio do império americano. Eles se encontram na tela 18 anos depois, a partir do diagnóstico de um câncer em estado avançado em um deles, Rémy (protagonizado por Rémy Girard), o mesmo que diz a frase que inicia o filme de 1986 e faz eco em 2002: “A história não é uma ciência moral.” O filme aborda a derrocada dos valores que nortearam os jovens da década de 60/70 e a queda das utopias. Como a chegada de bárbaros, valores antes considerados importantes para essa geração são questionados: liberação sexual, ideários políticos que, como sempre acontece, resultaram em outras configurações com outras alternativas e novos problemas. Essas perdas podem ser vistas como uma espécie de estranha invasão que destrói o que norteou uma geração. Do outro lado, a geração atual é representada por dois personagens: Sebastian, filho de Remy, típico homem de negócios da geração high tech, investidor no mercado de capitais, que vive no mundo das relações pela via internet e pela força do dinheiro capaz de tudo comprar. E por Nathalie, filha de uma das amantes de Rémy, viciada em heroína. Caberia a nós julgar qual geração está certa? Arcand nos mostra que não. Os bárbaros podem se apresentar com diferentes vestimentas, mas, de alguma maneira sempre nos rondam. Estão dentro e fora de nós. A primeira invasão que se apresenta no filme diz respeito à iminência da morte. Seria possível estar preparado pra ela? Até que ponto pode-se escolher como e quando é hora de morrer? Outra forma de invasão seria o conflito de gerações e as dívidas inter geracionais por acertar. Em que medida os filhos ultrapassam ou passam por caminhos diversos daqueles dos pais? Como a história de uma geração marca a que a sucede? E o contrário, como a geração seguinte influi na anterior? Como encaramos a noção de progresso? Outro tema abordado é o uso de drogas como uma forma de gozo ou como um artifício para aliviar a dor no caso de uma doença terminal... Onde nos levam as estratégias em busca da felicidade que Freud já nos aponta em 1930 em: O mal estar na civilização? Se a História, nas palavras de Rémy, não é uma ciência moral, a psicanálise que não é ciência também não está do lado da moral. Em que medida ela pode nos ajudar a pensar dissoluções e soluções apresentadas neste filme? Local – Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi Horário – terça feira, 05/03/2013 de 19.30 as 21hs Entrada franca

2 comentários:

  1. O que mais me marcou neste filme foi o cara a cara com as diferentes facetas da morte.
    Tem um momento que o personagem da Nathalie ajuda Remy a desligar-se de sua ilusoes pondo a questao do que ele espera do passado, o que ele pode fazer de suas lembranças ja que seu corpo nao responde a quase nada mais.
    Amei a relaçao do pai com o filho as soluçao da droga e do contato dos amigos para atravessar essa ultima invasao barbara.

    ResponderExcluir
  2. concordo com vc. Quem sabe vc aparece na proxima terça para participar? Av prudente de morais, 281/802, de 19,30 as 21h. abraço, suzana

    ResponderExcluir