segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma amizade sem fronteiras

Uma amizade sem fronteiras (François Dupeuron, 2003) Nas duas últimas rodadas, com os filmes: Invasões Bárbaras e Se vivêssemos todos juntos tratamos dos temas da amizade, da velhice, das perdas, e do que irremediavelmente nos escapa. Dando continuidade às conversas, no dia 07 de Maio, discutiremos o filme Uma amizade sem fronteiras (do original: Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran, François Dupeyron, 2003). O título em francês, Les fleur du Coran, remete ao romance de Éric-Emmanuel Schimitt, no qual o filme é baseado . O filme aborda os temas da adolescência e da velhice, entrelaçados pelo fio da amizade, da adoção e da paternidade. Neste entrelaçamento a questão da transmissão de uma geração a outra se faz presente. Bruno, um jovem de 13 anos, filho de pais separados, apesar de no início viver com o pai, é abandonando a sua própria sorte na Rue Bleue da Paris dos anos sessenta. Entre as prostitutas e demais pessoas do bairro, acompanhamos o jovem Bruno em sua iniciação, e, é em sua passagem iniciática que ele encontra o Monsieur Ibrahim, dono de uma pequena mercearia (épicerie) do bairro. O velho “árabe” se torna seu amigo, o nomeia Momo, posteriormente o adota como filho, e o faz encontrar o desejo de viver. Com Monsieur Ibrahim, Momo descobre a vida, as mulheres, o amor, o valor das palavras. “O que você dá, Momo, é seu para sempre, o que você guarda é perdido para sempre.” Tal como um pai, o senhor Ibrahim, é aquele que nomeia as coisas, dá nome às coisas, transmite ao filho a condição de lidar com a linguagem, o que permite a articulação ao Outro. Em psicanálise, dizemos que o pai é uma função. A adolescência é uma delicada transição, uma passagem do mundo familiar para os laços sociais, ou seja, o jovem sai do abrigo familiar para fazer uma inscrição na relação com os outros no social. Para inscrever-se no laço social portando suas próprias marcas, o jovem questiona os valores parentais e se depara irremediavelmente com as questões da sexualidade e da morte. É essa delicada passagem que vemos Bruno, nomeado Momo, fazer ao longo do filme acompanhado pelo Monsieur Ibrahim. O filme abre um leque de questões para discutirmos: como pensar a iniciação dos jovens, a paternidade, a adoção, a transmissão das tradições entre as gerações no século XXI? E, o tema das amizades retorna a Roda de Prosa... que continue a nos instigar. Aguardamos vocês para mais uma rodada de conversa. Até lá, Rosely Gazire, Suzana Braga e Thereza Bruzzi.

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