“Não há caminhos, os caminhos se fazem ao caminhar.” Pensava nessa frase enquanto andava pelos arredores. Olhava pra trás e se surpreendia com tantas mudanças em sua vida.
É mais ou menos como uma fila de dominós, uma vez que cai o primeiro, lá vão os outros, mesmo aqueles que se pensava tão no lugar.O que havia perdido? Com o que ainda permanecia?
Constatou a fragilidade do que é chamado de eu, como essa coisinha se ancora em pequenos traços, e, modificada a paisagem, fica-se a perguntar quem se é. Pra onde foi a tal identidade? Idêntico a que? Uma vez cavado o buraco, caído o primeiro dominó, caem as certezas. A vida, tão previsível, subitamente se desfaz. E ela acreditava que seria pra sempre!?...
Olhando pra trás, podia ver que na verdade não era bem assim. Parece que inventamos a teoria de que está tudo intacto. Somos cegos às mudanças que ocorrem bem na frente de nossos olhos, desconsideramos até as marcas que o tempo escreve em nosso rosto. Um dia o espelho do outro nos diz que era tudo ilusão.
Cata os cacos e com eles há mosaicos a construir. Quanto trabalho pela frente!O desfeito convida a refazer de um outro modo. Vê-se tomada de um novo entusiasmo que renova as energias. Seu olhar mudou, para si mesma e para o mundo. Na medida em que ganha novas cores, a paisagem também se torna mais colorida. O amor ganha novas feições.
Lembra-se: Está chegando o meu aniversário. O dia é de comemorar, pois o viver tem novos paladares. Que bom experimentar! Vida-morte, morte-vida.