este texto é da minha querida filha.
Monteiro Lobato
Eu era a Narizinho, mas gostava mesmo era da Emília. Eu era menina, de cabelos pretos e tinha o tal narizinho arrebitado. Não morava no sítio, não tinha aquela delícia de vovó, não comia os quitutes da Nastácia, mas tinha muita imaginação e incorporava as histórias de Narizinho. Mas eu gostava mesmo era da Emília. Como eu queria uma boneca que tagarelou a falar. E queria os ímpetos malvados da boneca. Emília não levava desaforo para casa. Eu também queria ter nascido de uma caixa de costura, de pano, linha e agulha, e ser a boneca gente.
Monteiro Lobato apareceu na minha vida como um nome numa coleção de livros na estante. A minha casa sempre teve muitos livros e meus pais liam e lêem bastante. Minha mãe me contava as histórias dos livros e meu pai - jornalista - contava histórias da vida. Não sei ao certo como tudo aconteceu, mas sei que foi de forma natural. Hoje sou jornalista, com mestrado em Letras e sei que isso está relacionado à minha história.
A minha filha também tem o narizinho arrebitado - marca da família. A nossa casa está cheia de livros e histórias. Nessa era de internet não dá para saber como será a relação delas com tudo isso, mas desejo que ela tenha as suas reinações. Não sei se com sabugos de milho, porcos, grilos e peixes que falam e enriquecem a vida. Mas espero que faça sentido a minha música preferida da infância. Narizinho, narizinho arrebitado, de olho curioso, de ouvido xereta, e no meio da boca tem um sorriso feliz.
PS - Tenho ou não motivos pra ser mãe coruja? suzana
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