terça-feira, 27 de setembro de 2011

meu pai

Meu pai era assim:
Menino grande
riso fácil,
Brincava com o diário.
Seria frágil?

Meu pai era assim:
Troçava da vida
Escondia a tristeza
Tamponava as feridas
Mesmo as mais doloridas.
E seguia,
meio atabalhoado.

Meu pai era assim:
Flanava,
Viajava,
Sonhava.
Mentia?

Meu pai era assim:
Infância resplandecida
Nos seus gestos,
No deitar sobre as águas
Nas coisas que inventava.
No sabor que sentia
Na fruta recém colhida,
No gole de uma cachacinha
No preparo da caipirinha.
Nos jogos de linguagem,
Nas brincadeiras,
nas anedotas que contava.

Meu pai foi assim:
Partiu como um passarinho
Voou em busca de outro menino,
Que, de longe, o chamava.

Meu pai é assim:
Lembrança
que me acompanha,

de pirlimpimpim.
Tão leve,
que espalha
E fica.
Até o nunca mais,
nunca mais, nunca mais...

Suzana Márcia Dumont Braga. set/2011

3 comentários:

  1. Uma saudade boa, sempre acompanhada de um sorriso!

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  2. Lindo Su, o nunca mais, nunca mais me serra a garganta, duro de sair dai.
    Quem sabe nos sonhos nas lembranças, um pouquinho mais que nada?

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  3. é verdade, o que fica na lembrança é muito mais que o nada, fica a herança da leveza dele. E também a do seu pai. Essa, nem a morte tira da gente. beijo

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